Saturday, February 2, 2008

Dia da República, Templo de Lótus e Rock’n Roll

Mais um fim de semana na terra dos elefantes bêbados e macacos assassinos (a explicação para esta descrição vem no post a seguir). No Sábado era feriado do Dia da República, quando finalmente a Índia teve sua primeira constituição, um pouco depois de conseguir sua independência junto ao império inglês.

Desde antes vir para cá, já havia lido sobre o desfile do Dia da República. Um desfile militar e cultural na capital, Delhi. Elefantes, mísseis, caças, camelos, carros alegóricos dos ministérios e estados, dança, música... Aí me falaram que é beeem complicado, a multidão é imensa e se não tiver bons ingressos, nem vale a pena ir.

Inocente, por um momento achei que o povo indiano era mil vezes mais patriota que o brasileiro, para lotar um desfile desses. Depois realizei que na verdade, no Brasil e na Índia só uma minoria da população gostaria de ir nessa comemoração; a diferença é que toda minoria na Índia é uma multidão (pense num país de mais de 1 bilhão de habitantes).

Outro empecilho, além do ingresso, era ter que acordar beeem cedo para enfrentar o tráfego às 6 da manhã, toda confusão e chegar a tempo para ver o início do desfile. Até consegui com quem comprar o ingresso, mas desisti. Assisti na TV e nem foi tão legal assim. Fiquei feliz com minha escolha.

Uma coisa curiosa foi ver os carros alegóricos dos ministérios (bem parecidos com os do “Carnaval PraPular” de BH). Tem ministérios para os recursos minerais mais importantes da Índia, por exemplo: Ministério do Ferro, Ministério do Carvão... Depois quero entender melhor o governo indiano.

No domingo o plano era visitar alguns templos em Delhi e ir para um show de rock indiano. Isso mesmo, um festival de rock de bandas indianas. Bom, fomos de ônibus para Delhi e chegando lá começou a barganha. Éramos um grupo de 9 estrangeiros: 2 ucranianas, 1 alemã, 2 franceses, 1 búlgara, 1 norueguesa, 1 checo e esse brazuca que vos escreve.

Precisávamos de auto-riquixás para nos levar ao primeiro templo. Aí tem q negociar o preço: quando eles vêem um grupo de estrangeiros metem a faca, mas como moramos aqui, sabemos o preço real das coisas e aí começa o problema. Finalmente chegamos num preço aceitável, mas nosso auto-riquixá nos levou no templo errado. Nos perdemos do resto do grupo e tivemos que esperar até que fossem até nós.

Chegamos então no Templo de Lótus. É uma construção muito bonita (lembra a “Opera House” de Sydney) e dedicada a todas as religiões, povos e raças. O templo tem nove lados, segundo as explicações, porque 9 é o número que simboliza o todo. Sua forma é uma flor de lótus, com 27 pétalas de mármore e uma piscina em cada lado.

Tinha um cara organizando a fila e nos perguntou de onde éramos. Respondemos a ele, que logo em seguida nos trouxe panfletos sobre o templo, na nossa língua pátria! Ficamos boquiabertos, o cara tinha panfletos em português, noruegues, ucraniano, checo, tudo!

Era possível mesmo ver todo tipo de gente. Uma diversidade gigante de religiões e nacionalidades. Branquelos, negões, amarelos, vermelhos, todo mundo! Budistas, hindus, católicos, taoístas, sikhs, mulçumanos, todo mundo junto na fila. Observar isso foi bem legal.

Dentro do templo, cada um reza do seu jeito, na sua religião e em silêncio. Não tem símbolos ou ensinamentos de nenhuma religião específica. Não era permitido tirar fotos, mas tirei uma do teto que era muito bacana e com símbolos que pareciam evocar a todas as grandes religiões juntas fundidas, tipo: uma cruz fundida com um menorá do lado de uma estrela de Davi, tudo dentro de uma estrela de 9 pontas.

Saímos de lá famintos e fomos negociar de novo com outros auto-riquixás para nos levar a um restaurante próximo dos próximos templos. Demorou muuito, negociamos por uns 20 minutos até um preço justo. Então quando finalmente embarcamos, o pneu do riquixá em que eu estava furou.

Paramos para encher o pneu 2 vezes. Foi até divertido, porque enquanto isso a gente ficava tirando fotos, zuando uns aos outros... E era muito engraçado ver os caras discutindo como encher o pneu usando uma daquelas bombas de pé.

Finalmente chegamos a um restaurante bem aconchegante. Comemos muito. A maioria dos restaurantes é a la carte, geralmente cada um pede um prato e compartilhamos tudo. Já tô bem acostumado com a pimenta o que me dá a coragem de provar de tudo.

Ao sair do restaurante já era tarde, tinhamos que atravessar a cidade para ir até o local do show, mas antes precisávamos parar num mercado para algumas compras. Nos despedimos dos outros que não iriam no show e pegamos um riquixá para o mercado de Sorejini. Eu tava com medo de morrer de frio e precisava de um cachecol. Aqui tá bem frio, vi no noticiário que talvez sexta-feira chegue aos 0 graus. Ahh neemm.

O mercado é típico indiano, o que significa: pouca organização, nenhum senso de limpeza e muita, muita barganha. Dessa vez foi até divertido. Negociar com os comerciantes é excitante, como uma queda de braço. Achei uma loja que vendia chale um lençol típico na região que o pessoal enrola no pescoço e cabeça.

Fiquei feliz com minha negociação. Escolhi um chale bem bonito e de boa qualidade. O preço começou a 600 rúpias. Disse que não pagava mais de 150. Depois de muita discussão, ameaças de ir embora, consegui comprar a 200 rúpias. 400 rúpias na barganha, nada mal. Depois contei a um amigo indiano e ele disse que foi um negócio justo. Detalhe: 1 dólar americano é o equivalente a 40 rúpias.

Partimos para o show: Saif Ali Khan, Parikrama e Strings. O show começou com Strings, uma banda do Paquistão bem famosa por aqui. Parece que até tem música deles no filme Homem Aranha 2. Uma bosta. A primeira música era ok, o resto cheio de ôôôs.

Depois entrou o Parikrama, quaanta diferença. Os cara são muito, muito bons. Vocalista excelente, guitarristas de primeira, baixista e tecladista completamente alucinados e um figuraça no violino. Os caras tocaram AC/DC, Jimi Hendrix, Pink Floyd, Deep Purple, Iron Maiden e músicas próprias também muito boas. Valeu o ingresso.

Aí subiu no palco o tal do Saif Ali Khan pra tocar guitarra com eles. Horrorível! O cara é um super-star de bollywood que agora cismou que quer tocar guitarra. O cara ficava o tempo todo olhando pra mão pra fazer os acordes, errava o ritmo e era sofrível nos solos. Coitado, o Parikrama tinha 2 guitarristas que colocaram ele no chinelo.

Tentei gravar alguma coisa do show, mas minha máquina é muito velha e não tem muita memória (acho que tem Alzheimer tadinha...). Compro uma nova depois dos primeiros salários. :)





Republic Day Parade


Templo de Lótus e eu


09 Piscinas


Templo de frente


Parque do templo



Teto do Templo

A turma


Consertando pneu


Restaurante

Show de Rock


(English Version)


Another weekend in the land of drunken elephants and assassin monkeys (the explanation to this description will be in the following post). On Saturday was the Republic Day holyday, celebrating when India finally got its first constitution right after the independency from the British Empire.

Even before coming here I read about the Republic Day Parade: a military and cultural parade in the capital, Delhi. Elephants, missiles, combat airplanes, camels, allegoric trucks of ministers and states, dance, music... Then I was told that is very complicated to go, the crowd is huge and if you don’t have good tickets is not worth it to go.

Innocently, for a moment I believed that Indian people are thousand times more patriotic than Brazilians to have a huge crowd attending such event. After a while I realized that actually in both Brazil and India only a minority of the population like to attend this celebration. The difference is that any minority in India is a huge crowd (we’re talking about a country with over 1 billion inhabitants).

Another problem, besides getting the tickets, was to wake up very early to confront the traffic at 6am, all the mess and get on time to see the beginning of the parade. I found tickets to buy but I gave up on going. I watched it on TV and was not that good. I was happy with my decision to stay.

One curious thing was to see the ministries allegories (it look just like the “Carnaval PraPular” in Belo Horizonte). There are ministries for the most important natural resources, like: Ministry of Steel, Ministry of Coal… I would like to understand better the Indian government.

On Sunday the plan was to visit some temples in Delhi and go to an Indian rock concert. That’s right, a rock festival with Indian bands. We went by bus to Delhi and when we got there the bargaining started. We were a group of 9 foreigners: 2 Ukrainian, 1 German, 2 French, 1 Bulgarian, 1 Norwegian, 1 Check and this Brazilian that write you.

We needed auto-riquishaws to take us to the first temple. That’s when we need to start negotiating: when riquishaws see a group of foreigners the raise the prices to the sky but as we live here, we know the prices and the problem starts. Finally we got a fair enough price but in the end our riquishaw took us to the wrong place. We got separated from the rest of the group and had to wait for them.

We got to the Lotus Temple. It is a very beautiful building (it is similar to the Sydney’s “Opera House”) dedicated to all religions, people and nationalities. The temple has nine sides. According to the explanations it is because the number 9 it’s a symbol for the whole. It’s shaped in the format of a lotus flower with 27 marble petals and one water tank per side.

There was this guy organizing the cue and he asked from where we were. We said to him and right after he brought us pamphlets about the temple: in our native language! We were speechless because the guy had papers in Portuguese, Norwegian, Ukrainian, Check, everything!

It was possible to see people from all different kinds, a giant diversity of religions and nationalities. There was Buddhists, Hindus, Catholics, Taoists, Sikhs, Muslims everybody together in the cue. To observe this was very cool.

Inside the temple each one prays in your way, in your religion but in silence. There are no symbols or scriptures of any specific religion. It was not allowed to take pictures inside but I managed to take one from the ceiling that was very cool. It has a symbol that seems to envious to all great religions merged, like: a cross merged with a menorah aside a David star all inside a 9 vertices’ star.

We left the temple starving e started to negotiate again with the riquishaws to take us to a restaurant near the next temples we wanted to visit. It took so long. We negotiated for about 20 minutes till reached a fair price. Then when we finally left the tire of the riquishaw I was got flat.

We stopped to fix the flat tire twice. It was fun because we kept taking pictures of each other and making jokes. It was very funny to see the riquishaws discussing how to fill the flat tire using a mechanical stepping air pump.

We finally got to a very cozy restaurant. We ate a lot! Most of the restaurants are a la carte and usually each one orders a different dish and we share everything. I’m more used to the spices what gives me the courage to try out everything.

When we left the restaurant was already late and we had to cross the city to go to the concert. But first we needed to stop for some shopping. We said goodbye to the rest fo the group that didn’t went to the concert and took a riquishaw to the Sorejini Market. I was afraid of freezing to death and needed a scarf. Is very cold here I saw in the news that maybe will be 0 degrees on Friday. Daaamn.

The market is typically India meaning: minimum organizations, no sense of cleaning and too much bargaining. This time it was quite fun to bargain. Negotiating with merchants it’s exciting like a wrist battle. I found a store that was selling chale a piece of fabric typical in the region that people cover the neck and head.

I was very happy with my bargaining. I chose a very beautiful and good quality chale. The starting price was 600 rupees. I said that I would not pay more than 150. After discussing a lot and many attempts to leave the store I could buy it for 200 rupees; 400 rupees discount, not bad. I told this to an Indian friend of mine and he said that I did a good deal. Detail: 1 American dollar is equivalent to 40 rupees.

We went to the show: Saif Ali Khan, Parikrama and Strings. The show started with Strings: a band from Pakistan very famous here. It seems that they have songs in the Spider Man 2 movie soundtrack. It sucks! The first song was ok, but the rest…

Parikrama came to the stage: what a difference! The guys are very, very good: an excellent vocalist, first class guitarists, lunatic bass and keys players and such a character playing the violin. They played AC/DC, Jimi Hendrix, Pink Floyd, Deep Purple, Iron Maiden and also very good songs from themselves. It paid the ticket.

Then Saif Ali Khan went to the stage to play with them. Terrible! The guy is a super-star Bollywood actor that put in his head that wants to be a guitarist. He kept looking to his hand to get the chords, missed the rhythm and played painful solos. Poor guy, Parikrama had 2 guitarists that showed him his place.

I tried to record something of the show but my camera is too old and doesn’t have a good memory (I think it has Alzheimer, poor thing…). I’ll buy a new one after a couple of salaries. :)

2 comments:

Diógenes said...

Gabiru, que loucura maravilhosa isso!!
Sem comentários (que paradoxo hehe)!

Abraços!

Gabi said...

espetacular esse post, gabiru!!! parecia até que eu tava contigo acompanhando tudo!

bjus!!! e aguardo ansiosamente as novas aventuras =)