Wednesday, October 22, 2008

Coorg - Arrepios e "Coincidências"

Durante a conferência da AIESEC em Pondicherry, além de muitas outras pessoas conheci a Raquel, uma Portuguesa, filha de pai africano (Cabo Verde) e mãe Brasileira. Pode-se dizer que a mistura deu muito certo... Mas to falando dessa tuga, porque ela foi o ponto de partida pra uma viagem inesquecível. 

Depois da conferência, a Ra quis apresentar os trainees que ela havia conhecido para suas colegas de casa. Organizamos um jantar num restaurantezinho em Frazier Town, norte de Bangalore. Risadas, boa comida, bate-papo... e de repente a Rumela (que mora com a Ra) diz: “Ah estamos indo pra Coorg neste fim de semana”. – sem nem pensar se estava sendo inconveniente, disse: EU QUERO IR!! 

Reagi assim, porque a Mari (de Santos) estava louca pra fazer sua primeira viagem na Índia, tinha conseguido liberação no trabalho, mas de última hora teve sua viagem cancelada. Então acrescentei: E tem uma amiga que com certeza vai querer ir junto! Rumela foi sincera e disse que não havia problema nenhum irmos, mas seria quase impossível achar passagens...

No dia seguinte, falei com a Mari e é claro que ela animou. Coorg é uma região serrana conhecida pela vida selvagem e pelas suas belíssimas matas e rios de corredeira. Ficar no meio do mato, respirar ar puro e caminhar pelo verde – era tudo que queríamos... Fui comprar a passagem, rezando para que ainda tivesse, qualquer uma, so queria chegar lá.

Consegui as passagens, não tinha mais lugares juntos, mas isso seria pedir demais. Confirmei com a Ra e com a Rumela que estávamos indo... A Rumela havia dito que pegariam o ônibus na estação Majestic, no meu bilhete estava escrito estação Kempegowda, então nos encontraríamos em Coorg pela manhã.

Mas chegada a hora de embarcar, quando entramos no ônibus... Por coincidência havia comprado passagens exatamente no mesmo ônibus e os assentos eram todos próximos! Majestic e Kempegowda é a mesma coisa, como se um fosse o nome oficial e o outro um apelido carinhoso... Estava formado o grupo da viagem de Coorg: eu, Ra, Rumela, Mari, Camila e Deepak.

Cansado por causa da stressante semana no trabalho, dormi quase a viagem toda, ou pelo menos tentei. Chegamos de madrugada e o Bopu nos buscou de jipe. Bopu é primo do Deepak e guia turístico por lá. Ele nos levou a um lugar provisório, para esperarmos o amanhecer e então seguir para nossa pousada.

Ficamos num quartinho escuro e úmido, cochilamos como foi possível e somente ao acordar pudemos perceber onde estávamos. Era uma casa grande, no meio da serra. Neblina e cheirinho de mato molhado... A dona da casa, uma senhora cheia de energia e bom humor, que abriu um sorriso largo quando soube que eu e a Mari éramos brasileiros – ela havia passado umas férias no Nordeste.

Embarcamos no jipe novamente, agora rumo à pousada. Sobe serra, desce serra, e entra em buraco, enquanto nossas pernas se entrelaçavam na traseira do jipe, tantando aproveitar todo o espaço possível.

O jipe não chega até a pousada, tem que parar antes e então temos que caminhar. Descemos um morro íngreme, atravessamos uma plantação de arroz, pulamos uma cerca, atravessamos uma ponte de bambu sobre um riacho e chegamos. Que maravilha! No meio do NADA uma casinha charmosa, de cimento, madeira e grandes janelas de vidro – para aproveitar a vista para a imensidão do verde de Coorg. Quartos espaçosos, e uma área comum com colchões e almofadas no segundo andar, perfeito!

Demos uma refrescada, trocamos de roupa e embarcamos no jipe para começar as aventuras... O plano era fazer um Rafting! Sobe serra, desce serra e uma paisagem mais maravilhosa que a outra – e verde, muito verde! As plantações de café e de chá dão diferentes tonalidades e contrastam com os coqueirais e a mata fechada.

Chegando no lugar do Rafting soubemos que teríamos que esperar. Sem problema, um senhor (que eu esqueci o nome) dono do lugar nos acompanhou por uma caminhada em meio às plantações de café. Com fome, almoçamos num lugar muito, muito simples à beira do rio. Comer com as mãos e super apimentado!

Ao voltar, esperamos mais um pouquinho e chegou a hora! Os instrutores nepalenses nos separaram em 2 botes. Recebemos as instruções e simulamos o trabalho da equipe em terra, depois na água. Tínhamos que obedecer a comandos específicos em determinados momentos: forward team, over right, over left, get down!

O rafting foi muito bom! Bem emocionante, mas poderia ser mais... O rio deveria estar mais cheio por causa da monçoes, mas a chura não veio como prevista. Mesmo assim foram muito divertidas as quedas d’agua que passamos.

Depois do rafting, passamos na cidade pra comprar bebidas pra festinha. Na volta da pousada a travessia foi durante a noite – iluminada só com a luz da lua e dos celulares. Milhares de sapos disputando a cantoria com grilos e acompanhados por vaga-lumes. Em casa, jantar a luz de velas e depois aula de dança: forro, salsa e zouk. A Ra era professora dança em Portugal desde a adolescencia, então nos deu aula de Salsa e Zouk. Gostei de aprender e dançamos muito! 

Dormimos e ainda lembro da sensação gostosa de acordar, olhar pela janela e vislumbrar o verde! Acordei antes do pessoal, meditei um pouco e me espreguicei na rede... Tomamos café-da-manhã e embarcamos novamente no Jipe. Dessa vez, o plano era visitar uma comunidade budista e se desse tempo, um parque de elefantes selvagens. 

Poucas horas depois, chegamos na comunidade budista de Kushalnagar - mais especificamente no Templo Dourado. Circundado por um imenso monastério, o templo é simplesmente de tirar o fôlego. Gramados muito bem cuidados, cores belíssimas e muito ouro nos ornamentos. Tudo majestoso e muito, muito grandioso. A gente não sabia, mas aquela era a 2ª maior comunidade budista fora do Tibet. A Mari estava já levitando, ela praticava budismo no Brasil. 

Entramos em diferentes partes do templo e presenciamos rituais com alguns monges. Passeamos pelos parques e eu até brinquei de futebol com crianças monges. Era o horário do almoço e por coincidência o Bopu tinha um conhecido tibetano, que morava por ali. O Loden é um refugiado e nos encontrou com sua linda filhinha. Almoçamos num restaurante de comida tibetana e ouvimos histórias absurdas sobre a repressão chinesa no Tibet, as relações políticas dentro do budismo, conspirações contra o Dalai Lama... 

No meio do papo ele nos perguntou: vocês já foram no grande templo? Achei que ele se referia ao templo dourado.. Pra nossa surpresa, não. Ele nos levou até a SeraMei, uma faculdade budista. Mais simples, sem todo o ouro, sem os ornamentos, mas muito grande. Nos muros, fotos horríveis de corpos de monges que foram torturados pelo exército Chinês. Infelizmente os números e as atrocidades que estão acontecendo por lá não chegam aos nossos olhos, a mídia não tem voz… 

Estava tudo vazio no grande pátio e havia um templo enorme no meio. Nas escadarias, milhares de calçados e quanto mais nos aproximávamos, mais intenso ficava o murmurinho de mantras. Quando chegamos perto, o arrepio foi inevitável. Pelas janelas vimos cerca de 2000 monges, sentadinhos em fileiras e entoando mantras que quase faziam as janelas tremerem (acho que eu tremi). Era um mar amarelo e vermelho, que ondulava para trás e para frente, numa dança que espalhava bondade para o mundo todo. 

Nosso amigo tibetano fez questão que entrássemos. Andamos pelos monges enquanto repartiam pão e rezavam, como rezavam – a um só som. Subimos no “altar” e visão era ainda mais arrepiante. Lá, ornamentos feitos de açucar e um trono, onde o Dalai Lama já esteve. 

Ao nos ver completamente encantados com aquela cerimônia, ele nos explicou: vocês deram sorte, isso não acontece normalmente, mas por coincidência, hoje é aniversário do Dalai Lama e eles estão comemorando! Sem palavras... 

De lá, visitamos a faculdade e a residência oficial do Dalai Lama, pena que estava fechado e não dava pra visitar. Praticamente todos os monges estavam no templo... Não precisou. Já estávamos em estado de graça e ficamos por um tempo sentados, observando uma grande plantação de chá e pensando naquelas coincidências. 

Era hora de nos despedir, pegamos o jipe e voltamos para a pousada. No caminho, paramos no que deveria ser uma cachoeira na beira da estrada. Triste e revoltado, Bopu nos disse como o aquecimento global tem interferido em tudo, a cachoeira era só um filete descendo pela rocha. A vista era incrível. 

Jantamos num hotelzinho simples e pegamos o ônibus de volta a vidinha estressante de Bangalore. Mas estávamos vacinados. Ah! E é claro que coincidentemente, estávamos todos no mesmo ônibus novamente. 

Uma viagem que eu só soube na véspera se tornou uma das melhores experiências e me trouxe uns dos melhores amigos. Já faz algum tempo que não acredito em coincidências... Alguém ainda acredita?

Paisagem de Coorg - Plantação de chá

Pernas no jipe

Em direção à casa


Atravessando o arrozal

Varanda onde tomamos café

Verde ao infinito

Salinha aconchegante

Vidão

Rio das WhiteWaters

Caminhada

A trupe: Camila (Suécia), Mari (Santos), eu, Ra (Portugal), Deepak e Rumela (Índia)

Get down Team!

Depois do rafting

Delicioso jantar

Zouk

Golden Temple

Monumental

Ornamentos

Oração

Grande Templo

Entrada do Templo

...

Paredes pintadas - as cores são incríveis

Mini-monges

Monge jogando cricket

Restaurante tibetano

Imagens de tortura - triste e revoltante

Trupe + Loden e a pequena Mela

Calçados na escadaria

Eu e Ra

Arrepios

Casa Dalai Lama

Coincidência??

Monday, September 29, 2008

Curiosidades II

O Buzinês

Agora estou dirigindo na Índia. Sim, comprei uma scooter e estou me aventurando no transito. Faço parte da massa que entope os becos, ruas, avenidas e “trilhas de rally” (porque pra ter mais buraco, terra e barro só no Paris-Dakar) que cortam Bangalore, e começo a entender um novo idioma: a buzina. É como se os carros estivessem conversando: uma ultrapassagem tem 3 buzinas: “Abre espaço. To passando. Já vi, pode ir.” Num cruzamento sempre tem discussão e quando não tem entendimento ficam todos parados, um de frente para o outro sem ter como sair.

 

Caminhões

Os caminhões são um show a parte nas estradas. Sempre ultra-coloridos, pintados, com adesivos e cheios de coisas penduradas: chumaço de cabelo, flores secas, flores frescas, brinquedos, panos coloridos, estatuetas de deuses, foto da família, etc. Na traseira, sempre escrito “Horn OK Please” – buzine por favor. (já expliquei isso aqui). Outra característica é que são muito quadradões, alguns literalmente são containers (como aqueles dos portos) com rodas. A grande maioria está caindo aos pedaços e não é difícil vê-los com muito mais carga que deviam. Nunca vi um caminhão-pipa que não estivesse vazando água pela rua afora – agora imagina um caminhão-tanque, carregando combustível?

 

Carro de Família

Continuando no trânsito, outra curiosidade... Na Índia, moto é veículo de família! É muito comum ver um pai carregando os 5 filhos empilhados numa moto, mulheres carregando recém-nascidos na garupa ou criancinhas que não devem nem andar ainda, se segurando no guidom da moto. Detalhe importante, o capacete só é obrigatório para o motorista...

 

Refeições barulhentas

Lembro o quanto meus pais (meu pai principalmente) me educaram a não comer de boca aberta e tentar não fazer ruídos ao mastigar. Aqui na Índia eles teriam um troço. A impressão que dá é que comer de boca aberta, estalando a língua, chupando os dedos e fungando o nariz (por causa da pimenta) é sinal de que está gostando da comida. Tem um cara que trabalha perto de mim e cisma de comer em frente ao computador, ao invés de ir pro refeitório – tenho q colocar fones de ouvido e música alta para concentrar no trabalho.

 

Cinema

Depois de muuuito tempo fui ao cinema. A primeira barreira é conseguir o ingresso. Aquilo de ligar pra um amigo, 1 hora antes, combinar de pegar um cineminha, chegar 20 minutos antes da sessão (que é pra dar tempo de dar uma volta no shopping) e ver o filme é coisa do meu passado. Aqui tem que comprar com antecedência de dias, se for lançamento é melhor nem ir durante o fim de semana. Os cinemas dos shoppings são modernos, muito confortáveis e de ótima qualidade de som e imagem. As bizarrices são: primeiro toca o hino nacional. As pessoas chegam a qualquer momento – mesmo com 40 minutos de filme ainda tem gente chegando. TEM INTERVALO!! Não importa o tamanho do filme, tem um intervalo, sem aviso prévio. Abruptamente o filme é cortado, as luzes se acendem e o pessoal sai pra comprar tudo que é fritura – o pior é que não avisam quando o filme irá recomeçar... Perdi uma parte de Dark Knight porque não sabia que já tinha começado (pô, nem uma campanhiazinha??)

 

Santos Católicos, adoração Hindu

A comunidade católica em Bangalore é bem grande, se comparada às outras cidades que fui. Tem muita igreja, altar pra santinho... O curioso é que apesar dos santos terem os mesmos nomes (só que em Inglês) e a mesma imagem, a maneira de adoração é diferente  - mais voltada pro Hinduísmo. Às vezes colocam comida (que seria o Pooja), sempre colocam aqueles colares de flores (dente-de-leão), marcam a face do santo com aquela maquiagem vermelha, vestem Nossa Senhora de saree, etc. Como diria Gil (leia com sotaque baiano), “é o sincrétismo culto-réligioso em sua expressão típica do súb-continênte asiático.”

 

É briga?

Além das buzinas incessantes, outro barulho constante é das vozes dos indianos. Não bastassem falaram super rápido em 23 diferentes dialetos incompreensíveis, falam com uma tonalidade que parecem estar brigando com um inimigo mortal a todo o momento. No início eu ficava sempre observando, esperando sair um tapa – depois descobria que era só uma discussão sobre algum pequeno detalhe.  Será que volto meio surdo pro Brasil?

 

Construção, Mulheres e Ferramentas sem cabo.

Um engenheiro civil deve ficar muito chocado na Índia. É muito bizarro a maneira que eles constroem as coisas por aqui. Não dá pra explicar muito, mas vou enumerando as bizarrices: os tijolos são, em sua maioria, de pedra (furar uma parede na Índia é tarefa pra broca industrial – pra pendurar quadros tem que se fazer um enxerto de madeira na parede, não tem prego que fure.

Tem muitas mulheres trabalhando. Mas não se preocupem, elas só fazem o trabalho pesado: preparar massa, carregar pedra, carregar água, areia... O trabalho “pensante” só homem que faz. – como explicou um mestre-de-obras a um amigo engenheiro. Elas carregam tudo na cabeça, e feito formigas vão andando em filas dentro da construção.

As ferramentas tem todas cabos muito curtos.
Isso é geral! Vassoura, pá, enxada, rodo, picareta... tudo tem um cabo minúsculo que dificulta muuito o trabalho (na minha opinião). E o trabalho é praticamente artesanal, somente construções muuito grandes têm maquinas trabalhando...

 

Supermercado

Pra ir no supermecado fazer a compra da semana (ou do mês) tem que rezar pra ter sorte antes. Não existe padrão! Aquela marca de macarrão que você comprou semana passada, não tem mais e talvez nunca mais tenha. Eu comi granola por 2 meses, depois nunca mais achei. Tem semana que tem da batata grande, outra só da pequenininha, tem semana que tem feijão, outras não... E tem lugar ainda que você tem que passar por diversos caixas para pagar: 1 só para pagar frutas, outro para as carnes, outro para as bebidas... A conta ainda vem dividida no que é comida e no que é não-comida.

 

Crime

Algumas pessoas me perguntam sobre violência aqui. É muito raro ter assalto nas ruas, ladrão de carteiras, etc. O lado ruim é que tem extremismo religioso, ataque terrorista, mulheres são estupradas, tem vandalismo até por rivalidade de línguas!!! Lembro de um cinema que foi apedrejado só porque estava estreando um filme em Tamil (língua falada no estado vizinho de Karnataka). Imagina se a gente resolve explodir a Globo por causa do carioquês?

 

Caneta

Isso é uma coisa que se encontra em pequenas cidades; triste, mas interessante... Crianças pedindo lápis e caneta. Me disseram que há um tempo, elas ficavam mendigando por comida e dinheiro – mas aí teve uma campanha enorme para que fossem dadas canetas às crianças, para ir à escola. Acabou virando tradição então você vê crianças pedindo caneta, com livrinhos nas mãos ao invés de dinheiro.

 

Hijras e Prostitutas

Há um grupo de transexuais muito respeitado aqui – acredite se quiser. São considerados semi-divinos, têm os genitais amputados quando criança, vestem saree (a veste tradicional da mulher indiana) e saem pelas ruas abençoando os homens em troca de moedas. Quem dá moeda é abençoado (na cabeça lá de baixo) e tem fertilidade, quem não dá pode ser amaldiçoado (também relativo à cabeça de baixo...).

Outra grande surpresa foi descobrir prostitutas vestidas de saree em pleno centro de Bangalore. Estava indo a um jantar com uma amiga e resolvemos sair da avenida mais movimentada e ir a uma avenida paralela para pegarmos um riquixá e evitarmos o transito. Na calçada, mulheres com bijuterias, saree (que cobre o corpo todo) e maquiagem. Na sarjeta, riquixás parados esperando por clientes para pagar a moça e uma corrida especial... Não deu pra pegar riquixá nessa avenida.

 

Contando Dedos

Os gestos dos indianos são todos muito diferentes a começar pelo jeito que dizem “sim” com a cabeça (que eu agora faço naturalmente). Um muito curioso talvez seja como contar com os dedos. Eles contam com as falanges, então cada dedo vai até 3 e em cada mão dá pra contar até 12 – pois o polegar é utilizado somente para apontar o valor. Talvez esteja aí a origem da “dúzia”.

 

Cachorrada

Além de vacas, ratos e esquilos, as ruas têm muitos cachorros – muitos! Durante o dia você os encontra dormindo em tudo que é canto. Às vezes estão na calçada de uma das avenidas mais movimentadas, onde passam milhões de pessoas gritando e carros buzinando – não se incomodam. É uma demonstração de preguiça e cansaço incrível. Por volta das 9:00pm eles começam a acordar... Aí é uma zona! Procuram comida, correm atrás de rato, de vaca, brigam entre si e latem muito! Quando chego de moto em casa, tarde da noite sempre sou perseguido...

 

Arquitetura

Não tenho conhecimento técnico nenhum sobre isso e não vou falar sobre a belíssima e exótica arquitetura das construções antigas. Isso é sobre as construções modernas: são todas cheias de buracos e quinas! Eu acho muito feio e nada útil... Os prédios e casas geralmente tem dezenas ou centenas de varandas e adornos geometricamente espaçados – uma poluição visual, uma confusão! E o pior é que tem tanto canto e quina, que só serve pra acumular sujeira, mancha de cuspe e deixar o prédio ainda mais feio com o passar dos anos...

 

Natação

Alguns amigos moram em condomínios com piscina aí vou lá pra nadar um pouco e claro que tem curiosidades também. Primeiro que indiano não sabe nadar: nunca vi 1 que soubesse um dos estilos esportivos. É muito engraçado eles nadando estilo “cachorrinho” ou só espalhando água pra tudo que é canto, sem sair do lugar. Tem até aula de natação, mas o professor é indiano, então... Outra coisa é o traje de banho. Tem lugar que se entra de roupa mesmo, saree e tudo! Ou então usam uns maiôs igual o da vovó e o mais engraçado: a toquinha de cabelo! Gente, adultos usam toquinhas coloridas e com babados, de fazer qualquer criança com mais de 6 anos chorar de vergonha!



Buzinês


Clipe: meios de transporte

Familia feliz

Recém-nascido


Video com o hino, antes do filme

Trabalho pesado

Sempre coloridas


Nossa Senhora - Enrolada no Saree


Crianças pedindo caneta

Hijra descascando a banana...

Grupo de hijra dançando na rua.


Contando dedos (atenção pro gesto da menina)

Preguiiiiça

Nada tira o sono.


Haja quina!

Haja buraco!

Frota

De saree no mar

Imagina vestir isso no Brasil?

Saturday, September 13, 2008

Pondicherry: o mundo foi pra la

Já estava sentindo saudade de participar das atividades da AIESEC, já que aqui na Índia eles nunca entraram em contato comigo. Foi quando um amigo do Egito que mora por aqui, Ahmed, me disse que uma haveria uma conferencia nacional dentro de 1 mês. Recomendou que escrevesse para um email, dizendo do meu interesse de participar.

O email veio com uma resposta: Parabéns, você foi selecionado para ser facilitador da June National Conference!! Eu nem sabia que havia me candidatado a isso, mas porque não? Já queria ir à conferencia, agora teria todas as despesas pagas!

Eis que na lista estava também Michelle de Ré! Conheci a Michelle em 2003, numa conferencia no Brasil – nunca mativemos contato, mas foi uma boa surpresa descobrir que ela estava aqui na Índia também, morando em Chennai. Acabamos nos encontrando em Bangalore mesmo, uma semana antes da conferência.

A conferência seria em Pondicherry, cidade litorânea no Estado de Tamil-Nadu e uma antiga colônia francesa. Deveríamos estar no hotel no Domingo, para uma reunião com a organização da conferência. A grande coincidência foi que vários trainees de outras cidades também haviam combinado de viajar para “Pondi”.

Fui para Chennai na sexta-feira Em Chennai percebi o quão bom é o clima de Bangalore – Chennai tem temperaturas de um forno industrial! No trem, quando cheguei próximo da cidade sentia como se derretesse. A cidade toda transpira! As pessoas na rua estão constantemente molhadas e o concreto de uma cidade de 5 milhões de habitantes não ajuda nada. Não vale uma outra visita.

Encontrei a Michelle e pegamos um ônibus para Pondi. Chegamos muito tarde e famintos! O único lugar que achamos para comer foi um hotel chique, na orla. Com certo custo, comemos uma boa massa.

Ficamos numa pousada simples, na parte francesa da cidade. Um charme! Ruas bem limpas, prédios coloridos, cafés e restaurantes bacanas e muitos nomes em Francês. O lado indiano da cidade é igual às outras cidades: caótico, sujo e barulhento. Outra coisa boa é que os impostos não são tão pesados lá, então bebida é beeem mais barato.

No dia seguinte, após um bom café-da-manhã, o plano era encontrar o resto da galera – e que galera! Mudamos de hotel e ficamos próximos a Auro-Ville. Auro Ville é uma comunidade modelo, criada por um guru e sua esposa, segue princípios fundamentais dos mais utópicos comunistas (tudo é de todos) e tenta ser completamente auto-sustentável.

Depois de deixar as bagagens, fui com boa parte do grupo até Paradise Beach. É uma ilha! Pegamos um riquichá até um lugar de onde saem barcos e balsas até a ilha. Já eram umas 3 da tarde e fomos avisados que o último barco voltaria às 5 – pouco tempo pra aproveitar...

Chegamos e encontramos mais uma parte do grupo (era muita gente). Fomos direto pro mar! Meu primeiro mergulho na Baia de Bengal - agora já nadei nos dois mares da Índia. Acho que éramos uns 20 na água, brincando, rindo e pulando as ondas que vinham de todos os lados. Isso era muito estranho, o fundo do mar era todo irregular, com muitos buracos, então as ondas eram malucas, literalmente vinham de todo lado.

Na praia ficavam guardinhas com apitos por todos os lados, controlando a diversão. Tamil-Nadu é um dos estados mais conservadores da Índia. Quando eram 5:30 começaram a apitar desesperados, avisando que o último barco estava saindo. Saímos do mar, e fomos pegar nossas coisas. Mas era tanta gente pra sair da ilha, que claro que levariam vários minutos e barcos para isso.

Aproveitei para tomar uma cerveja. O engraçado é que desde o início haviam placas dizendo que era proibido o consumo de bebida alcoólica. Mas o único quiosque da praia tinha cerveja geladinha, legalize! Fiz questão de tirar foto! Na Índia muita coisa é assim, proibido, mas pode – não faz sentido!

A noite, fomos jantar todos juntos. Na praia, mineiro come peixe! Então pedi o meu peixe ao molho de vinho branco, muito bom! Mas o melhor era parar e dar uma olhada no restaurante. Nossa turma agora tinha umas 45 pessoas! Eram línguas diferentes, aparências completamente distintas e muitas risadas! Contei 34 países diferentes!!! E conseguimos reunir tudo isso sem grande dificuldade, um passando email pro outro e puf! O mundo todo estava em Pondi.

Depois do jantar uma big festa frustrada – já que o grupo se dividiu (difícil manter um grupo tão grande e diverso), mas acabamos numa roda de amigos gostosa regada a cerveja e tequila. Depois voltei à pousada, onde a maioria do pessoal estava sentado na praia à luz de velas na areia – plano era fazer uma fogueira, mas faltou iniciativa... Rs.

No Domingo, eu e Michelle deixamos o grupo e voltamos a Pondicherry (no centro indiano). A reunião estava marcada para as 10am, mas como na Índia tudo atrasa, soubemos que só iria começar às 2pm. Encontramos os outros facilitadores estrangeiros, Arnold do Quênia, Adeel e Hummayun do Paquistão.

Fomos caminhar na praia e encontrei de novo alguns dos outros trainees. Em Tamil-Nadu, não se pode demonstrar afeto em público. Andar de mãos dadas já é algo que perambula no limite do certo e do errado. Distraído, abracei uma amiga – no mesmo instante escutei gritos de um senhor que sentava do outro lado da rua e os apitos de um policial que estava próximo. Não pode!

A cidade estava vazia e caminhar pelas ruas era agradável, apesar do calor. Caminhamos pela praia de Gandhi, onde tem uma grande estátua do herói, pelos parques e fomos até um templo de Ganesh, onde uma graciosa elefanta abençoa os fiéis. Mostrei uma moeda, ela veio com a tromba, pegou a moeda e depois bateu levemente com a tromba na minha cabeça, estava abençoado!

A conferência começou na segunda-feira pela manhã. Como alguns comitês locais não haviam chegado, a abertura oficial foi durante a noite. A AIESEC na Índia é bem diferente (como todo o resto). Seus membros são bem mais novos, muitos indianos começam faculdade cedo – com 16, 17 anos! Então era uma garotada, com muita energia e pouquíssima disciplina.

Os comitês locais não se misturam, sentam todos juntos. Cada um tem vários “gritos de guerra” e como se fossem torcidas rivais num clássico, ficam gritando uns para os outros. DURANTE 3 HORAS INITERRUPTAS!!! Ficam todos molhados de suor, roucos, esganiçados. Tudo atrasa, MUITO! Pra vocês terem idéia, algumas sessões começavam de madrugada!

Bom, não vou detalhar muito aqui pois muitos de vocês não vão entender, mas quem for da AIESEC e quiser saber mais de quão estranha é a conferencia na Índia, eu conto depois. A conferência acabou e no dia seguinte voltei para Chennai para pegar meu trem de volta a Bangalore. Perdi o trem por 5 minutos! Vi ele saindo da estação... Lá estava eu, numa cidade que não conhecia, sem celular (acabou a bateria) e sem passagem de volta pra casa.

Sorte que tinha o telefone de um amigo e após algumas ligações vi que o melhor era ir para a rodoviária e rezar para ter vaga em algum ônibus. Finalmente consegui um ônibus comum, sem ar-condicionado, viagem péssima – mas cheguei são e salvo em casa. Difícil foi segurar o sono no trabalho...

Estação de Trem - Chennai
Pondicherry - Tamil, Inglês e Francês

Caminhando na ex-colonia francesa

Café-da-manhã

Cheguei no paraíso! Cadê o moço de barba?

Mar mais esburacado que já entrei...

Outro lado da ilha

Todo o Mundo!

"É proibido alcool após este ponto"

Pegando o barquinho de volta...

Jantar Global - 30 e tantos países

e tem mais...
1 bençao, sem traumatismo - por favor.

Praia de Gandhi - Pondicherry

Ó o cara aí!

Brasil e Paquistão - Conferência

A gritaria...