Thursday, June 12, 2008

Hyderabad - Cidade das Perolas

Já faz mais de um mês que fiz essa viagem, mas só agora tive cabeça pra postar... Os trainees da AIESEC que estão fazendo seu traineeship na Índia foram convidados pela Indian Business School (ISB) para ir até Hyderabad.

A ISB oferece um dos melhores MBAs da Ásia e tem o objetivo de alcançar o topo dos rankings internacionais (já é top20 no mundo). Pra isso, os caras precisam de maior diversidade de estudantes (mais estrangeiros) e então fizeram uma parceria com a AIESEC e estão oferecendo bolsas de 50% e nos pagaram pra ir até lá conhecer o programa.

Como eu queria mesmo conhecer Hyderabad, aceitei o convite e embarquei em mais uma viagem. Soube que iriam outros 3 trainees daqui de Bangalore também, mas acabei não conseguindo comprar passagem no mesmo vagão deles.

Então, estava sozinho na estação esperando o trem. Já tinha viajado de trem antes, então não foi nenhum problema. Comprei uns chips, água e um chocolate e estava pronto pra viagem. Muito cansado do trabalho, dormi logo no início e só fui acordar no outro dia em Hyderabad – ou melhor, acordava em cada estação quando entrava os vendedores de chá, café, salgadinhos, sanduíche... Os caras além de gritar, me acordavam aos cutucões pra saber se não queria mesmo comprar algo.

Chegando em Hyderabad, desci logo e fiquei esperando na saída, para ver se conseguia ver os outros 3 trainees – não é tão difícil identificar 3 estrangeiros numa multidão de indianos. Foram uns dos últimos a sair, mas encontrei o Hunny (Alemanha), o César e o Kelvin (Costa Rica) e fomos para a escola.

A escola fica numa SEZ do governo (Special Economic Zones) – são regiões em que o governo alivia nos impostos pra atrair empresas e investimentos para desenvolver a região. Assim, tem prédios moderníssimos e belíssimos da Microsoft, InfoSys, etc...

A primeira impressão foi excelente, gramados bem cuidados, jardins e prédios novos e modernos. Fomos alocados nos quartos e informados que a programação começaria depois do almoço. Então fomos conhecer um pouquinho da escola, surpreendente! Ficamos na biblioteca, que tem também um cyber-café e emprestam DVDs. Filmes excelentes, de tudo que é parte do mundo.

Durante a manhã foram chegando outros trainees e durante o almoço já éramos uns 30 de tudo quanto é parte do mundo! Um deles era o Cris, da Grécia. O cara saiu de uma ilha que tinha 1000 habitantes. Imagina o choque dele de estar na Índia! Era muito engraçado falar com ele...

Depois de comer, fomos a uma apresentação do coordenador do MBA, que nos apresentou toda a escola, o programa e como funciona a bolsa. Depois da apresentação, entramos num ônibus para começar o tour por Hyderabad.

Já era de tardinha (ônibus atrasou) e fomos até o Golkonda Fort. São as ruínas de um forte de uma antiga capital de um império mulçumano. A cidade era muito rica, graças aos diamantes encontrados nos seus arredores. Por isso, também passou por muitas batalhas, até sucumbir ao império Mogol.

Não só pelo tamanho, o que impressiona muito no forte é sua arquitetura. Estamos falando do século 14, e a arquitetura é tal que cria: um sistema de alarme, um detector de metais, iluminação e muitas armadilhas aos inimigos. Não pagamos guia (queria nos cobrar o olho da cara), mas fiquei perto de um grupo de Coreanos e fui entendendo o que o guia falava pra eles.

Ao passarmos por uma câmara, ele explicou que ali funcionava um sistema de alarme. Se você ficar bem no centro da câmara (tem uma marcação no chão e no teto) e bater palmas com força, ela pode ser ouvida em todo o forte. Claro que eu fui lá bater palmas e é mesmo incrível o eco que dá.

Mais adiante, um grande corredor de colunas grossas. Ali entendi que era o detector de metais. O posicionamento das colunas e o formato do teto é tal que a acústica é inacreditável. Um farfalhar de roupas no início do corredor é escutado no fim do mesmo, onde fica um portão para a área do imperador. Então, se um visitante estivesse carregando uma espada ou um machado por baixo da roupa, o barulho do metal seria escutado e os guardas saberiam que ele estaria armado.

A noite caiu e então começou um show dentro do forte. É uma apresentação que utiliza luzes coloridas, uma fonte de água e caixas de som espalhadas pelo forte, contando a história do lugar como um romance. Eu não gostei muito, achei Bollywoodiano demais e tinham milhares de pernilongos comendo a gente vivo. Então saímos antes do show acabar.

Voltamos para o ISB, mas antes paramos numa lojinha pra comprar bebida e encontrar outros trainees. Ficamos na grama, ouvindo música, bebendo, dançando e rindo muito. A madrugada chegou e fomos continuar a festa na piscina. Gritamos, pulamos, fizemos “briga de galo”, cantamos e fomos crianças de novo – só que um pouco embriagadas... Rs. Estava com saudade dessas farras com o pessoal da AIESEC.

No dia seguinte, os que acordaram ainda pela manhã aproveitaram pra usufruir do centro esportivo do ISB. Jogamos basquete, sinuca, nadamos e fomos almoçar. Depois do almoço, embarcamos de novo no ônibus para a segunda parte do tour por Hyderabad. Dessa vez, fomos até o lago Hussain Sagar. O lago é bem grande e em sua volta tem gramados e jardins, muita gente deitada, criançada brincando, sorveteiro, pipoqueiro. Pena que fede pra caramba!

No meio do lago tem uma estátua de Buda, em pé, sobre a pedra de Gibraltar e abençoando o Sul, para onde os budistas foram expulsos durante algum conflito no passado. Acho que foi a primeira vez que vi o Buda de pé.

De lá, fomos para Charminar. É uma mesquita bem grande, com quatro grandes torres. Foi construída depois que a capital mudou de Golkonda para Hyderabad. O bairro é totalmente mulçumano, cheio de lojinhas de ouro, temperos, caótico e com muitas mulheres de burca. Infelizmente não dá pra fotografar muito, é uma agressão. Tentei flagrar uma cena interessante, uma banca de pimentas coloridas cercadas por mulheres todas vestidas de preto. Não deu, uma delas me viu com a câmera na mão e já ficou ressabiada.

Subimos na mesquita e tivemos uma visão legal da cidade. De novo a arquitetura é toda pensada em defesa contra ataques e também na propagação do som para as orações (desculpe minha ignorância se para mulçumano não se chama orações).

Já era hora de pegar o trem de volta a Bangalore. Fiquei no meio do caminho, pedi informações na rua e cheguei com antecedência na estação de trem. Deu tempo de tirar fotos (até lembrou de looonge a Praça da Estação de BH). Dentro do trem, a versão Indiana do que a mamãe já dizia: “não aceite doces de estranhos”.

Dizia assim:
“Por favor, não aceite biscoitos/doces/bebidas/qualquer alimento, que possam conter drogas/intoxicantes maléficos, de estranhos que irão lhe deixar inconsciente e roubar seus objetos de valor.”

Vou fazer um post só com placas bizarras, tenho que tirar mais fotos.

Trem para Hyderabad
Indian Business School



Golkonda Fort

Câmara de Alarme

Buda - Hussain Sagar

Pedra de Gibraltar

Bairro Mulçumano & Charminar

Lojas e temperos

Trainees na multidão

Entrando na Mesquita - Charminar

Charminar

Visão frontal

Em uma das torres

Tava vazio...

Ornamentos

Estação Kachiguda - Hyderabad

Mamãe já dizia...